terça-feira, 30 de maio de 2006

«Credibilidade»

Vasco Pulido Valente, no Público; Fernando Madrinha, no Expresso; Jerónimo Pimentel, no Diário de Notícias. De súbito, num fim de semana, todos elogiam o «liberalismo» e a capacidade de demarcação de Marques Mendes em relação ao Governo. Mas vejamos o que o Dr. Mendes tem, efectivamente, para nos oferecer. Sobre a utilização de fundos europeus para financiar rescisões no funcionalismo público ou a privatização dos museus, estamos conversados. Esquecendo as propostas na área da Justiça e da Educação, que vêm do tempo em que o PSD estava no Governo (e, portanto, tinha aconselhamento técnico), o que é que fica? De acordo com Marques Mendes: «A contratualização com a sociedade civil de várias actividades hoje desempenhadas pelo Estado, tais como: o apoio à família; o apoio aos idosos; o apoio a doentes crónicos; o apoio a deficientes; a alfabetização de adultos; o apoio e tratamento de toxicodependentes; a ocupação de tempos livres dos jovens; o apoio à integração de minorias; a recuperação de habitats naturais». Se o líder do PSD se tivesse inscrito no «roteiro para a inclusão» do Professor Cavaco, facilmente encontraria a «contratualização com a sociedade civil» há muito instalada no terreno. De original, no discurso de Mendes, sobra apenas uma proposta, provavelmente saída da cabeça do Almirante Azevedo Soares, ex-ministro do Mar: avançar, «em pleno», para a privatização dos Portos. Aqui, sem dúvida, Marques Mendes conseguiu um ponto de demarcação. Não só face ao socialismo como face ao mundo em geral. Consta que, mesmo na liberal América, os Republicanos estão com dificuldades em defender a bondade desta ideia.